quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Artistas de teatro fazem carta aberta ao Governo

Atores, diretores, produtores críticos, oficineiros e grupos de teatro que participaram da segunda edição do Festival Agosto de Teatro, realizada em outubro de 2010, continuam esperando por um posicionamento concreto do Governo do RN quanto à quitação do convênio de R$ 220 mil acertado entre a equipe que coordenou o evento e a direção da Fundação José  Fundação. A pendência se arrasta há mais de um ano, e os artistas já não sabem mais o que fazer para honrar os compromissos firmados com prestadores de serviço e profissionais convidados vindos de outras partes do país, como o experiente diretor mineiro Amir Haddad.

Em junho deste ano, inclusive, Haddad escreveu uma carta onde afirmou trabalhar na região Nordeste desde a década de oitenta, constatando que "jamais aconteceu coisa semelhante. Isaura Rosado (FJA/SecultRN) é uma amiga que respeito muito. Certamente, pelo que dela conheço, não está confortável diante deste fato inexplicável", lamentou.

Segundo a atriz Ivonete Albano, coordenadora do evento, 15 dos 17 processos gerados pelo Agosto de Teatro já estão no setor financeiro da FJA para pagamento no aguardo da liberação dos recursos pela Secretaria Estadual de Planejamento - Seplan. Vale salientar que a verba está devidamente empenhada e todo o trâmite burocrático foi vencido. Uma comissão estará hoje na Seplan, às 9h, em busca de respostas.
Agosto da Alegria aconteceu em 2010

Para dar visibilidade ao imbróglio no RN, a equipe do Festival está articulada com artistas de outras partes do Brasil para publicação de uma carta endereçada à Governadora Rosalba Ciarlini e a Diretora Administrativa da FJA Ana Neuma em jornais e páginas eletrônicas. Segue texto na íntegra:

Click no link Mais informações e veja a CARTA ABERTA (Artistas ao Governo)


CARTA ABERTA
"Governadora Rosalba Ciarlini e Diretora geral da Fundação José Augusto Ana Neuma, artistas, grupos, técnicos, críticos e pesquisadores de teatro do Rio Grande do Norte e vindos de vários lugares do país foram convidados, em outubro de 2010, para mais uma edição do Festival Agosto de Teatro, em Natal.

Pode-se dizer como demonstram os registros já apresentados, que o Festival foi um sucesso, não apenas porque reuniu uma parte da produção cultural do Estado e trabalhos importantes da temporada brasileira, como também porque, durante sua realização, o evento conseguiu mobilizar em torno da arte os cidadãos e cidadãs da cidade, que compareceram sempre com grande entusiasmo, lotando as apresentações, festejando, aplaudindo os espetáculos e acompanhando as oficinas e encontros de avaliação programados.

O que restou inconcluso, não respondido, não praticado, eticamente ignorado, foi a resposta do Governo do Rio Grande do Norte, que até este momento não saldou seu compromisso com os contratados. Veio a mudança de gestão e, com ela, a velha estratégia que há tempos assassina a cultura do país: o estrangulamento da continuidade no andamento da coisa pública. Como se tratasse de empenhos cancelados pela gestão anterior, a atual gestão usou o argumento para justificar durante todos estes meses o não-pagamento da dívida, de maneira que um ano depois do Festival o Governo continua empurrando com a barriga, sem finalmente reconhecer que a dívida é do Estado e não do Governo que está pontualmente de plantão. Sinalizar com um novo empenho que não tem data para ser cumprido é o mesmo que sinalizar com nada.

Afora os argumentos de sempre, e a promessa de que um dia pretende pagar o devido (quando?), a Gestão ainda tem que explicar não só aos artistas, mas à população, por que ignora que o Festival - que mobilizou tanta gente em torno do teatro naqueles dias - é algo que não tem interesse para a vida coletiva, do Estado, dos cidadãos. Pois que é isto o que se evidencia. A pergunta é: por que a cultura e seus agentes (desde que naturalmente não estejam colados a contextos midiáticos, quando o papo muda) é sempre tratada como algo absolutamente não prioritário? Por que a Cultura não interessa aos governantes? - O que esta situação perfeitamente exemplifica.

Por isso, os criadores de teatro envolvidos no Festival exigem uma posição clara do Governo do Rio Grande do Norte e a solidariedade dos cidadãos e cidadãs que julgarem esta uma causa justa. Menos pelo dinheiro, mais pelo tratamento que vem sendo dispensado até aqui.

Assinam a equipe que coordenou o Festival Agosto de Teatro: Ivonete Albano (produtora e atriz da Cia Carpintaria Teatral), Grimário Farias (diretor e ator da Cia Teatral Alegria Alegria), Irlan Albano (produtor), Inaldir Bezerra (produtora) e Judason Marcelino (diretor)."

Fonte: Tribuna do Norte

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