QUEM FOI MARIA CABRAL?
Foto meramente ilustrativa |
Como uma borboleta negra, aquela
mulher exuberante de vestido farto, estilo anos 50, às vezes sombrinha, bolsa e
meias compondo com um sapato de salto alto onde ajudava no visual elegante,
daquela enigmática mulher que todas as tardes descia o barro vermelho em
Macaíba/RN, entre as árvores da alameda daquela rua a festa da garotada e de
alguns desocupados. O distúbio mental de Maria a permitia ser diferente.
-Cavalo Marinho! Aos gritos
descia a ladeira.
Quem era aquela mulher de
sobrenome forte e que inquietava toda a cidade? Existiam uns pequenos espaços
construídos na frente do mercado público, conhecidos por "boinhos",
local que vendiam de um tudo; do refresco de maracujá a rede de deitar, e
também servia para reunir senhores de nossa cidade para o café ou para tomar a
branquinha antes da sopa da noite, mas na verdade, aqueles senhores se reuniam
naqueles minis comércios para jogar conversa fora e na expectativa de ver Maria
passar, que se diga de passagem. Todas as tardes, Maria descia a rua barro vermelho,
cruzava o centro da cidade e se dirigia para a matriz nossa senhora da
conceição. Macaíba nesse período não existia a interferência tecnológica, onde
era muito raro uma tv ou um telefone. Ainda era tempo onde o cinema e o clube
da cidade era sinônimo de festa.
Quem era aquela misteriosa mulher
que fazia descaso todas as tardes da população macaibense que tentava tirá-la
do sério. Aos gritos respondendo os insultos ou em descaso com o que acontecia
a sua volta ela caminhava elegantemente, mesmo com as roupas, às vezes,
remendadas, desgastadas pelo tempo, caminhava sem apressar o passo como se
estivesse na corte imperial. O tempo que aquela cabeça vivia com certeza não
era o nosso. Só o que ligava ela ao século em que vivia era a sua fé. Todas as
tardes ela caminhava em direção a igreja matriz para bater um longo papo com
Nossa Senhora da Conceição.
"Conheciaa muito bem, aliás
muitíssimo bem. Porque nós moravámos na Rua Dinarte Mariz, em frente a casa que
morou seu Domingos do cuscuz. Todas as tardes nos sentávamos a sombra de um
velho pé de ficos, então lá vinha ela, parecendo mais uma rainha destronada,
porém, em toda sua majestade de granfina do século XIX, com seu indefectível
chapéu ornado com rosas de papel crepom. Poodre de fina!" lembra a senhora Atemilde Ramos.
Relato do Artista Plástico Juscio Marcelino - Macaíba/RN
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