quinta-feira, 6 de setembro de 2012

MARIA CABRAL figura folclórica de nossa Coité


QUEM FOI MARIA CABRAL?
Foto meramente ilustrativa

Como uma borboleta negra, aquela mulher exuberante de vestido farto, estilo anos 50, às vezes sombrinha, bolsa e meias compondo com um sapato de salto alto onde ajudava no visual elegante, daquela enigmática mulher que todas as tardes descia o barro vermelho em Macaíba/RN, entre as árvores da alameda daquela rua a festa da garotada e de alguns desocupados. O distúbio mental de Maria a permitia ser diferente.

-Cavalo Marinho! Aos gritos descia a ladeira.

Quem era aquela mulher de sobrenome forte e que inquietava toda a cidade? Existiam uns pequenos espaços construídos na frente do mercado público, conhecidos por "boinhos", local que vendiam de um tudo; do refresco de maracujá a rede de deitar, e também servia para reunir senhores de nossa cidade para o café ou para tomar a branquinha antes da sopa da noite, mas na verdade, aqueles senhores se reuniam naqueles minis comércios para jogar conversa fora e na expectativa de ver Maria passar, que se diga de passagem. Todas as tardes, Maria descia a rua barro vermelho, cruzava o centro da cidade e se dirigia para a matriz nossa senhora da conceição. Macaíba nesse período não existia a interferência tecnológica, onde era muito raro uma tv ou um telefone. Ainda era tempo onde o cinema e o clube da cidade era sinônimo de festa.

Quem era aquela misteriosa mulher que fazia descaso todas as tardes da população macaibense que tentava tirá-la do sério. Aos gritos respondendo os insultos ou em descaso com o que acontecia a sua volta ela caminhava elegantemente, mesmo com as roupas, às vezes, remendadas, desgastadas pelo tempo, caminhava sem apressar o passo como se estivesse na corte imperial. O tempo que aquela cabeça vivia com certeza não era o nosso. Só o que ligava ela ao século em que vivia era a sua fé. Todas as tardes ela caminhava em direção a igreja matriz para bater um longo papo com Nossa Senhora da Conceição.


"Conheciaa muito bem, aliás muitíssimo bem. Porque nós moravámos na Rua Dinarte Mariz, em frente a casa que morou seu Domingos do cuscuz. Todas as tardes nos sentávamos a sombra de um velho pé de ficos, então lá vinha ela, parecendo mais uma rainha destronada, porém, em toda sua majestade de granfina do século XIX, com seu indefectível chapéu ornado com rosas de papel crepom. Poodre de fina!" lembra a senhora Atemilde Ramos.


Relato do Artista Plástico Juscio Marcelino - Macaíba/RN

Nenhum comentário:

Postar um comentário