Hip-hop: A voz da periferia contra o extermínio de jovens na cidade

O movimento cultural denominado Hip-Hop, acompanhado do RAP, DJ, Breakdance e o Grafite e de fundamental importância na sociedade pois é uma expressão das relações sociais vividas por jovens da periferia, além do processo de identidade e inclusão que essa manifestação possibilita. Dentre muitos motivos para sua ampliação e reconhecimento, está o amparo a jovens e crianças, permitindo assim o distanciamento dos mesmos das drogas e do crime. Através da música muitas crianças ficam livres desses males, temos como prova do bem que o estilo faz a vida dos jovens, o belo exemplo de duas irmãs gêmeas, Ariane e Ariadne, Conhecidas por 2ª, que cantam junto com a MC ELY, grupo da comunidade Morada da Fé. Em sua ultima apresentação, ocorrida no evento Hip-Hop na Praça, deixaram de boca aberta a todos os presentes. Essas crianças têm a capacidade de guardar na mente versos e palavras que mostram a realidade em que vivem hoje em Macaíba. Poucos reconhecem isso, mas Macaíba hoje possui um grupo de artistas Hip-Hop que tem um trabalho muito bom e que dá orgulho de ver.

Juventude reunida para celebrar o Hip-hop na Praça

“A idéia básica desta cultura era e ainda é: haver uma disputa com criatividade. Não com armas; uma batalha de diferentes (e melhores) estilos, para transformar a violência insensata em energia positiva.” Bruno Ventura (DJ Groovy)

São muitos, mais cito aqui, apenas dois, que com toda a certeza estão levando a cultura da cidade com muita força de vontade e persistência. Sem apoio dos órgãos competentes. Grupos como, o “Dialetos do Gueto”, coordenado pelo MC Carlinhos e o Trinca Flow, este ultimo composto por 3 (três) MCs e todos eles promovem a cena Hip-Hop da cidade com outros MCs e grupos, realizando duas vezes por ano o “Hip-Hop na Praça”. Buscando nos comércios, lojas, instituições recursos para arcar com os custos, chegando a tirar do próprio bolso para pagar os gastos do evento.

O jovem Jovaniel do Nascimento (NASKY) grande incentivador da Cena Hip-Hop da cidade, relatou que ao procurar o secretário de cultura do município para solicitar apoio ao evento que iria realizar, o Sr. José Roberto de Medeiros, Secretário de Cultura, informou: – “Só podemos ceder o espaço! não realizamos a licitação de nada até agora” com 6 (seis) meses de gestão não tinha uma licitação a caminho? A prefeitura que arrecada mais de 12,000.000,00(doze milhões de reais mês) só podia ceder o local?. É isso que a secretaria de cultura de Macaíba tem para ceder aos artistas? Por falta de cultura muitos estão jogadas na sarjeta do sistema capitalista, se envolvendo inclusive com o crime organizado. E a Prefeitura ainda se diz incapaz de ajudar na defesa da segurança pública. Esquece ele, o senhor Prefeito e os demais responsáveis, que o apoio a cultura do Hip-Hop ajuda a diminuir a insegurança social que vivemos.

 

Nos últimos anos vem ocorrendo na cidade uma matança em relação aos jovens, isso aos olhos de alguns cidadãos tem se tornado normal, pensam eles que estes jovens envolvidos nas drogas e roubos, merecem morrer Não percebem que estes jovens não são culpados do sistema de marginalização que foram colocados. É importante lembrar que existindo política pública, incluindo cultura, educação, esporte, saúde e lazer, poderemos diminuir o índice de marginalidade juvenil. Evitando que estes jovens passem a fazer parte da marginalidade. Inclusive diminuindo assaltos, roubos, estupros e tantos outros atos de delinquência infanto-juvenil, evitando desta forma que a sociedade passe por essa situação que vivemos hoje, uma das cidades mais violentas do país

Pois é, caros leitores, para alguns é cansativo pensar em políticas públicas que ajudem esses jovens. Mais eis que temos um caminho, a CULTURA. Como uma opção para chamar os jovens a viver na cidadania e não sobreviver do crime, e como prêmio, o município ganha no fortalecimento da cultura local.

Maxson Savelle

Tecnólogo em Produção Cultural